quinta-feira, 29 de julho de 2010

Comentando... 1ª Parte

Esta semana estivemos às voltas com três posts:

- Tentação, de Clarice Lispector;
- Amor casual, um conto de minha autoria;
- Sedna, a mulher que se apaixonou por um cachorro, uma lenda esquimó.

Estive relendo os três, e me emocionei ao perceber quanto se pode aprender com eles sobre a natureza feminina e, talvez, sobre a masculina também...

A garota ruiva de Clarice, típica patinha feia, imersa numa fragilidade momentânea, por não saber ainda o belo cisne em que se transformará, me fez pensar em todas nós, quando ainda imaturas. Garotas ruivas, gordas, magras demais, de pernas muito finas ou muito compridas, baixinhas, tímidas, inseguras... garotas fora do padrão estabelecido como ideal numa sociedade que dita até mesmo como deve ser a beleza. Garotas que ainda não se aceitam, mas que querem muito ser aceitas, que procuram o amor, que temem a rejeição.

Estamos, nessa fase em que ainda não nos descobrimos mulheres, à mercê de quem nos abane o rabo e nos ofereça uma gostosa lambida... E, como a menina vermelha, muitas vezes encontramos solução num basset ruivo. Desprevenido, acostumado, cachorro.
Muitas mulheres se sentem garotas ruivas soluçando ao sol das duas por toda uma vida. E, às vezes, também por toda uma vida, seguem se apaixonando por cachorros. Cachorros que, como o basset ruivo, se vão sem olhar uma só vez pra trás, mais fortes do que elas. E elas ali, apalermadas, vendo-os dobrar a esquina, sem saber exatamente o que fazer com o amor que lhes sobra nas mãos...

Canso de me deparar com lindas mulheres feitas, verdadeiros cisnes brancos, que se sentem patinhos feios ou meninas vermelhas, e sempre fico me perguntando o porquê disso.
Mulheres que aceitam homens que se esforçam para detonar sua auto-estima. Mulheres bonitas que toleram homens que exaltam qualidades de outras mulheres, mas que ficam cegos às suas. Mulheres que bancam as contas da casa, são frequentemente humilhadas e, ainda assim, se sentem dependentes de um homem...

Posso especular que, talvez, tenham nascido numa família que não era a sua, de fato. Talvez tenham tido relações parentais complicadas, pais ausentes, falta de orientação e carinho... e, talvez, tenham se defrontado vezes demais com fortes bassets ruivos.
O que fazer para que essas mulheres entrem em contato consigo mesmas, percebam o próprio valor, tomem posse da força que têm, e, em vez de serem vítimas desse excesso de amor que transborda de todas nós, o usem a seu favor?


continua...

Um comentário:

  1. Infelizmente concordo plenamente com seus textos. Há alguma coisa de errada nesse mundo feminino. Ressalto: "Canso de me deparar com lindas mulheres feitas, verdadeiros cisnes brancos, que se sentem patinhos feios ou meninas vermelhas, e sempre fico me perguntando o porquê disso.
    Mulheres que aceitam homens que se esforçam para detonar sua auto-estima. Mulheres bonitas que toleram homens que exaltam qualidades de outras mulheres, mas que ficam cegos às suas. Mulheres que bancam as contas da casa, são frequentemente humilhadas e, ainda assim, se sentem dependentes de um homem..."

    Beijosssssssss

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