quarta-feira, 1 de setembro de 2010

A história do Barba-Azul - Parte 1/3

Existe uma mecha de barba que fica guardada no convento das freiras brancas nas montanhas distantes. Como chegou até o convento, ninguém sabe. Uns dizem que foram as freiras que enterraram o que sobrou do seu corpo já que ninguém mais se dispunha a nele tocar. Desconhece-se o motivo pelo qual as freiras iriam guardar uma relíquia dessa natureza, mas é verdade. Uma amiga de uma amiga minha viu com seus próprios olhos. Ela diz que a barba é azul, da cor índigo para ser exata. É tão azul quanto o gelo escuro no lago, tão azul quanto a sombra de um buraco à noite. Essa barba pertenceu um dia a alguém de quem se dizia ser um mágico fracassado, um homem gigantesco com uma queda pelas mulheres, um homem conhecido pelo nome de Barba-azul.

Dizia-se que ele cortejava três irmãs ao mesmo tempo. As moças tinham, porém, pavor de sua barba com aquele estranho reflexo azul e, por isso, se escondiam quando ele chamava. Num esforço para convencê-las da sua cordialidade, ele as convidou para um passeio na floresta. Chegou conduzindo cavalos enfeitados com sinos e fitas cor-de-carmim. Acomodou as irmãs e a mãe nos cavalos, e partiram a meio-galope floresta adentro. Lá passaram um dia maravilhoso cavalgando, e seus cães corriam a seu lado e à sua frente. Mais tarde, pararam debaixo de uma árvore gigantesca, e o Barba-azul as regalou com histórias e lhes serviu guloseimas.

"Bem, talvez esse Barba-azul não seja um homem tão mau assim", começaram a pensar as irmãs.

Voltaram para casa tagarelando sobre como o dia havia sido interessante e como haviam se divertido. Mesmo assim, as suspeitas e temores das duas irmãs mais velhas voltaram, e elas juraram quem não veriam o Barba-azul de novo. A irmã mais nova, no entanto, achou que, se um homem podia ser tão encantador, talvez ele não fosse tão mau. Quanto mais ela falava consigo mesma, menos assustador ele lhe parecia, e sua barba também parecia menos azul.
Portanto, quando o Barba-azul pediu sua mão em casamento, ela aceitou. Ela havia refletido muito sobre a sua proposta e concluído que ia se casar com um homem muito distinto. Foi assim que se casaram e, em seguida, partiram para seu castelo no bosque.

- Vou precisar viajar por algum tempo - disse ele um dia à mulher.
- Convide sua família para vir aqui se quiser. Você pode cavalgar nos bosques, mandar os cozinheiros prepararem um banquete, pode fazer o que quiser, qualquer desejo que seu coração tenha. Para você ver, tome minhas chaves. Pode abrir toda e qualquer porta das despensas, dos cofres, qualquer porta do castelo; mas essa chavinha, a que tem nos altos uns arabescos, você não deve usar.

- Está bem, vou fazer o que você pediu. Parece que está tudo certo. Portanto pode ir, meu querido, não se preocupe e volte logo.
- E assim ele partiu, e ela ficou.
continua...

Por Suely Laitano Nassif

Um comentário:

  1. Olá querida. Você convidou eu vim. Eu estou lendo o Livro: Mulheres que correm com lobos. Até o momento, mais discordei da autora do que concordei.

    Sobre o Barba Azul 1/3

    A História em si, eu já a conhecia desde criança. Minha mãe a contava para nós. E, talvez, por que minha mãe contava com um sentido, o sentido que a autora aponta me desagrada e, eu questiono.

    Esta primeira parte, é real. Todos nós, com rara e elogiaveis exceções, apresentamos primeiro uma boa imagem. Apresentamos uma face maquiada para obter vantagem. Assim o Barba Azul age. Como nós todos.

    O Barba age de forma leal, e não aprisiona a esposa após o casamento. A vida dela pode continuar.

    Ele confia e se entrega a ela. Lista o que pensa que ela gosta de fazer:

    Ele não diz o que vai fazer durante a viagem Ele apenas avisa: Eu vou viajar...

    Se deduz que ele viaja para matar pessoas, destroçar, destruir. Se ele é um monstro, não quer ser com ela. Com ela, ele não é um monstro, e por suas atitudes, não pretende ser.

    1) - Convide sua família para vir aqui se quiser.
    2) - Você pode cavalgar nos bosques,
    3) - Mandar os cozinheiros prepararem um banquete,
    4) - Pode fazer o que quiser, qualquer desejo que seu coração tenha. Para você ver, tome minhas chaves. Pode abrir toda e qualquer porta das despensas, dos cofres, qualquer porta do castelo;

    5) - Mas essa chavinha, a que tem nos altos uns arabescos, você não deve usar.

    Ele confiou-lhe tudo, inclusive que ela proteja os seus SEGREDOS. Não abra, nem você, nem sua família, nem ninguém.

    Eu sou seu! Mas, eu tenho segredos.

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