- Eu... eu a perdi. É, eu a perdi. Estava passeando a cavalo, o chaveiro caiu e eu devo ter perdido uma chave.
- O que você fez com ela, mulher?
- Não... não me lembro.
- Não minta para mim! Diga-me o que fez com aquela chave!
Ele tocou seu rosto como se fosse lhe fazer carinho, mas em vez disso a segurou pelos cabelos.
- Sua traidora! - rosnou, jogando-a no chão. - Você entrou naquele quarto, não entrou?
Ele abriu o guarda-roupa com brutalidade e a pequena chave na prateleira de cima havia sangrado, manchando de vermelho todos os belos vestidos de seda que estavam pendurados.
- Chegou a sua vez, minha querida - berrou ele, arrastando-a pelo corredor e pelo porão adentro até pararem diante da terrível porta. O Barba-azul apenas olhou para a porta com seus olhos enfurecidos, e ela se abriu para ele. Ali jaziam os esqueletos de todas as suas esposas anteriores.
- Vai ser agora!!! - rugiu ele, mas ela se agarrou ao batente da porta sem largar, implorando por clemência.
- Por favor, permita que eu me acalme e me prepare para a morte. Conceda-me quinze minutos antes de me tirar a vida para que eu possa me reconciliar com Deus.
- Está bem - rosnou ele - Você tem seus quinze minutos, mas prepare-se.
A esposa correu escada acima até seus aposentos e determinou que suas irmãs fossem para as muralhas do castelo. Ajoelhou-se para rezar, mas, em vez de rezar, gritou para as irmãs.
- Irmãs, irmãs, vocês estão vendo a chegada dos nossos irmãos?
- Não vemos nada, nada na planície nua.
A cada instante ela gritava para as muralhas.
- Irmãs, irmãs, estão vendo nossos irmãos chegando?
- Vemos um redemoinho, talvez um redemoinho de areia bem longe.
Enquanto isso, o Barba-azul esbravejava para que sua esposa descesse até o porão para ser decapitada.
- Irmãs, irmãs! Estão vendo nossos irmãos chegando? - gritou ela mais uma vez.
O Barba-azul berrou novamente pela esposa e veio subindo a escada de pedra com passos pesados.
- Estamos, estamos vendo nossos irmãos - exclamaram as irmãs. - Eles estão aqui e acabaram de entrar no castelo.
O Barba-azul vinha pelo corredor na direção dos aposentos da esposa.
- Vim apanhá-la - gritou ele. Suas passadas eram pesadas; as pedras no piso se soltavam; a areia da argamassa caía esfarinhada no chão.
No instante em que ele entrou nos aposentos com as mãos esticadas para agarrá-la, seus irmãos chegaram galopando pelo corredor do castelo ainda montados, entrando assim no quarto. Ali eles encurralaram o Barba-azul fazendo com que caísse até a balaustrada. E ali mesmo, com suas espadas, avançaram contra ele, golpeando e cortando, fustigando e retalhando, até derrubá-lo ao chão e matando-o afinal, deixando para os abutres o que sobrou dele.
- O que você fez com ela, mulher?
- Não... não me lembro.
- Não minta para mim! Diga-me o que fez com aquela chave!
Ele tocou seu rosto como se fosse lhe fazer carinho, mas em vez disso a segurou pelos cabelos.
- Sua traidora! - rosnou, jogando-a no chão. - Você entrou naquele quarto, não entrou?
Ele abriu o guarda-roupa com brutalidade e a pequena chave na prateleira de cima havia sangrado, manchando de vermelho todos os belos vestidos de seda que estavam pendurados.
- Chegou a sua vez, minha querida - berrou ele, arrastando-a pelo corredor e pelo porão adentro até pararem diante da terrível porta. O Barba-azul apenas olhou para a porta com seus olhos enfurecidos, e ela se abriu para ele. Ali jaziam os esqueletos de todas as suas esposas anteriores.
- Vai ser agora!!! - rugiu ele, mas ela se agarrou ao batente da porta sem largar, implorando por clemência.
- Por favor, permita que eu me acalme e me prepare para a morte. Conceda-me quinze minutos antes de me tirar a vida para que eu possa me reconciliar com Deus.
- Está bem - rosnou ele - Você tem seus quinze minutos, mas prepare-se.
A esposa correu escada acima até seus aposentos e determinou que suas irmãs fossem para as muralhas do castelo. Ajoelhou-se para rezar, mas, em vez de rezar, gritou para as irmãs.
- Irmãs, irmãs, vocês estão vendo a chegada dos nossos irmãos?
- Não vemos nada, nada na planície nua.
A cada instante ela gritava para as muralhas.
- Irmãs, irmãs, estão vendo nossos irmãos chegando?
- Vemos um redemoinho, talvez um redemoinho de areia bem longe.
Enquanto isso, o Barba-azul esbravejava para que sua esposa descesse até o porão para ser decapitada.
- Irmãs, irmãs! Estão vendo nossos irmãos chegando? - gritou ela mais uma vez.
O Barba-azul berrou novamente pela esposa e veio subindo a escada de pedra com passos pesados.
- Estamos, estamos vendo nossos irmãos - exclamaram as irmãs. - Eles estão aqui e acabaram de entrar no castelo.
O Barba-azul vinha pelo corredor na direção dos aposentos da esposa.
- Vim apanhá-la - gritou ele. Suas passadas eram pesadas; as pedras no piso se soltavam; a areia da argamassa caía esfarinhada no chão.
No instante em que ele entrou nos aposentos com as mãos esticadas para agarrá-la, seus irmãos chegaram galopando pelo corredor do castelo ainda montados, entrando assim no quarto. Ali eles encurralaram o Barba-azul fazendo com que caísse até a balaustrada. E ali mesmo, com suas espadas, avançaram contra ele, golpeando e cortando, fustigando e retalhando, até derrubá-lo ao chão e matando-o afinal, deixando para os abutres o que sobrou dele.
Por Suely Laitano Nassif
Barba Azul fala do proibido...........
ResponderExcluirfala da curiosidade inerente à mente a estar um passo além de si mesma
e da responsabilidade que carrega consigo esta força intrínseca.
Penso sobre a expansão do conhecimento, da necessidade de deixar-se para trás para estar um passo adiante; penso sobre o círculo do oroboros: a eterna reconstrução e de como Barba Azul e suas esposas foram o mesmo a se construir, desconstruir e reconstruir em busca de.... em busca de que?
Penso mais uma vez nesta história,
já contada por tantos como pelo poeta:
"Do vale à montanha
Do vale à montanha,
Da montanha ao monte,
cavalo de sombra,
Cavaleiro monge,
Por casas, por prados,
Por Quinta e por fonte,
Caminhais aliados.
Do vale à montanha,
Da montanha ao monte,
Cavalo de sombra,
Cavaleiro monge,
Por penhascos pretos,
Atrás e defronte,
Caminhais secretos.
Do vale à montanha,
Da montanha ao monte,
Cavalo de sombra,
Cavaleiro monge,
Por quanto é sem fim,
Sem ninguém que o conte,
Caminhais em mim."
Um passo,
ResponderExcluirsim,
um passo
há de bastar
para o todo virar pó.
Um passo para dentro
um passo, para fora, negado:
no outro o que em mim não vejo
em mim, o outro, proibido.
Assim
com a brisa do mar
a dissipar o calor do rosto,
sem medos,
sem nomes,
sem certezas:
embalados pelas ondas
apenas um a navegar.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirPara encobrir o que as irmãs dela, e as cunhadas dele fez, ela MENTE.
ResponderExcluir- Eu a perdir.
Os relacionamentos não sobrevivem quando a mentira permanece. Quando se valoriza quem cometeu erro. Não se pede que a esposa fique contra as irmãs e a favor de Barba Azul. É só ser justa e verdadeira.
- Minhas irmãs abriram a porta que você disse para não abrir.
Muitos maridos estão dispostos a engolirem as cunhadas por amor à esposa.
As cunhadas ainda estão na casa. Sabe o que está acontecendo com a irmã. Sabe que ela é inocente. Sabe que ela está pagando pelo erro delas, mesmo assim, o que fazem? Chamam os irmãos para materem o Barba Azul. É a união da família contra o cunhado!
Esta história é injusta. E, foi mal usada para demonstrar um símbolo. Só que inadequado.
Se o Barba Azul é o símbolo do homem como dominador, e escravizador das mulheres é também verdade que o pai dela é o símbolo para a mãe. Isto significa que a mãe dela, não abriu o quarto que ele disse para não abrir. A mãe dela, que é casada e tem filhos e filhas com o pai dela, soube respeitar o passado e o segredo do Barba dela.
Os irmãos dela, também são símbolos de Barba Azul para outras mulheres. Certamente eles tem chaves que fecham quartos e querem que se respeite estes segredos.
Ao contrário da autora, eu fui solidário ao Barba Azul.
Desconfio que as leituras estão sendo feitas com um carater erroneo a tendencioso a uma realidade que não se trata do que a historia do Barba Azul nos remete quanto ao fato de uma descoberta de um segredo dele - matar mulheres- é revelado e num golpe de ter seu reinado fragilizado ele ao inves de conversar com a esposa sobre o assunto lhe engana ao fazer de conta que irá lhe acariciar e então a arrasta pra a Morte.Seria,então,o caso das irmãs sairem em busca de ajuda,pois o seu papel é proteger a irmã da furia de uma psicopata ? Seria papel os irmãos tirar a irmã da situação de morte na mira de um psicopata ? Seria exatamento pelo fato da mãe nunca ter aberto os segredos ou desconfiado que estava casada com um ser humano que usa da ira para se proteger e por isso ameaça todo o relacionamento? Será que em familias saudaveis cunhadas,irmãs,mães,tias,sogras, irmãos e todo o mais invadem as relações ou será que pessoas saudaveis quando sentem que estão agindo sob o impulso da ira pedem ajuda.então, que caminho Barba Azul preferiu seguir? O papel dos irmãos era de proteção no momento em que isso foi exigido, a autora não descreve irmãos que vivem fofocando ou bisbilhotando a vida alheia...Interessante as interpretações conforme os valores e experiencia de cada um!
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