terça-feira, 7 de setembro de 2010

O Barba Azul – Trabalhando a Negação da Realidade

No post anterior sobre o Barba Azul, questionei se você se lembrava de alguma situação em sua vida que foi tão fortemente abafada, que você concluiu que o melhor a fazer seria fingir não ter visto, não ter ouvido e não falar nada. E comentei que isso me fazia lembrar da lenda dos três macacos sábios. Hoje quero refletir sobre isso. Você me acompanha?

Clarissa, em Mulheres que Correm com os Lobos, diz que recebemos, ao longo da vida, repetidamente, a seguinte mensagem: não veja, não tenha insight, não fale, não haja.
Tenho uma experiência pessoal interessante, que ilustra muito bem o quanto, por conta disso, alguns segredos perduram por toda uma vida, e na iminência de virem à tona, ainda há os que tentam perpetuá-lo.

Eu era muito criança, e minhas irmãs e primas já eram adolescentes. Um amigo da família nos convidou para o aniversário de sua filha, e embora muito pequenina, na época, tive a percepção de que a ocasião seria especial, pela excitação que pairou em minha casa durante toda a semana anterior à festa. Especulava-se que roupas as meninas usariam, quem estaria lá, que delícias haveria para comer... Mas não me lembro de ter ouvido nenhuma recomendação especial por parte de ninguém. Estaríamos entre parentes e amigos. Portanto, seguras.
A festa foi ótima, mas, repentinamente, aconteceu algo que só vim a entender mais de quarenta anos depois! Num determinado momento, uma das meninas foi ao banheiro, e todas a acompanharam. Lembro-me de uma grande algazarra. Mal a porta se fechara atrás da última a entrar, e se ouviu uma enorme gritaria. A porta se abriu, e as meninas saíram correndo, apavoradas, uma querendo passar por cima da outra, para sair dali o mais rapidamente possível!
Sem entender o que acontecera, fui atrás, mas já chamavam para cantar o parabéns, e a agitação das meninas se diluiu na bagunça generalizada. Eu sabia que havia acontecido algo, mas, como era muito pequena, e ninguém comentou nada, também não perguntei. A coisa morreu ali. Não fosse um certo clima de consternação geral na semana seguinte, poderia se dizer que realmente, nada acontecera.

Alguns anos depois, adolescente, eu ainda me lembrava do episódio, e, conversando com minha irmã, toquei no assunto. Ela desconversou. Muito à meia-boca, falou algo sobre alguém ter hábitos estranhos, e, sinceramente, continuei não entendendo nada. Muito mais tarde, já mulher feita, e inconformada, voltei a questionar e, finalmente, fiquei sabendo o que acontecera de fato.

Vou contar pra vocês, com todas as letras, como seria absolutamente normal se a nossa sociedade tivesse interesse em descortinar a verdade: quando as meninas entraram no banheiro, deram de cara com um conhecido da família com as calças abertas e o pênis ereto pra fora, exercitando um exibicionismo doentio, que lhe era característico e sobre o qual todos os nossos conhecidos adultos estavam avisados.

Pergunto, e gostaria muito que vocês me respondessem:
- Não seria o caso de terem alertado as meninas, para que elas se cuidassem?
- Não era importante que, pelo menos, conversassem com elas depois do acontecido, para saber que impacto isso lhes causara?
- O silêncio absoluto sobre o assunto significou o quê?

Pois saibam: não se falou abertamente, nem de forma alguma. O assunto foi enterrado sem maiores explicações. Quem não tivesse compreendido o porquê da atitude daquele homem, que a metabolizasse como pudesse, porque nenhum adulto se proporia a falar sobre o caso.

Quando, mais de quarenta anos depois, me dei conta do quanto essa situação havia perdurado, fiquei indignada, e escrevi sobre isso. E - pasmem! Fui repreendida por alguém, que me disse que não se fala sobre essas coisas!!! Eu escrevera justamente para defender a idéia de que essas coisas têm que vir à tona. E recebi, já adulta, a mesma mensagem que recebera quando criança e ficara sem entender nada: não veja, não tenha insight, não fale, não haja.
E, pior: pelo tom de quem nos censura, ao trazer à tona assuntos controversos, nos sentimos como criminosos. Uma espécie de inversão de valores faz com que aquele que fala sobre o crime seja o criminoso, e não aquele que o comete.
Isso me reporta a algumas cenas que já vi em nosso cenário político em que alguém que instala uma escuta para provar algum crime de corrupção acaba sendo mais tragicamente punido do que o próprio corrupto.

Não defendo aqui a idéia de que devamos sair por aí fofocando a respeito da vida alheia, julgando e condenando, ou atirando pedras em quem tenha problemas. Defendo uma maneira realista de ver o mundo e a vida, o que nos dará competência para enxergar o Barba Azul, se ele aparecer.

No caso em questão, a família poderia, sim, de forma discreta, ter alertado as meninas que iriam à festa, para que soubessem se defender do perigo latente. E, uma vez que se criou a situação desagradável, essas meninas mereciam, sim, que algum adulto conversasse com elas a respeito do problema, para que não restassem, no final, dúvidas incômodas em suas vidas. Podemos saber como cada uma metabolizou o acontecido?

Quando recebo essas mensagens que tentam me imobilizar em todos os sentidos, me lembro da lenda dos três macacos sábios. Vocês conhecem?
Aqui mesmo, na Internet, há inúmeras versões dela, mas quase todas convergem nisso:
“Os três macacos sábios enfeitam a entrada de um templo do século XVIII, localizado no Japão. Os nomes dos macaquinhos são Mizaru (aquele que tapa os olhos), Kikazaru (o que tapa os ouvidos) e Iwazaru (aquele que tapa a boca). O folclore japonês ensina que se os homens não olhassem o mal alheio, não ouvissem o mal alheio e não falassem do mal alheio, teríamos comunidades pacíficas e harmoniosas.”
Também já li que Gandhi andava com uma estatueta desses macaquinhos, para lembrar dessa lição de sabedoria.

O fato é que, uma vez passando de boca em boca, como numa brincadeira de telefone sem fio, a essência da lenda vai se contaminando e hoje, quando pensamos na imagem desses macacos, nos vem à mente a idéia de que devemos fingir não enxergar o mal, para vivermos em paz. E isso se propaga, e as pessoas aceitam o estranho conselho!!!
Rola no mundo virtual um questionamento recorrente: afinal, os três macacos são sábios ou burros?

O que você acha? É possível combater o mal fingindo não enxergá-lo? Se você nega a realidade, a realidade muda? Se você se cala ante as injustiças, a justiça é feita?
Pense sobre isso, e exponha o que você acha, comentando aqui ou participando da nossa enquete, na guia lateral do blog.

9 comentários:

  1. Por aqui
    a ouvir...

    "Algumas palavras duras,
    em voz mansa, te golpearam.
    Nunca, nunca cicatrizam.
    Mas, e o 'humour'?
    A injustiça não se resolve.
    À sombra do mundo errado
    murmuraste um protesto tímido.
    Mas virão outros.

    Tudo somado, devias
    precipitar-te, de vez, nas águas.
    Estás nu na areia, no vento...
    Dorme, meu filho."
    (C D Andrade)

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  2. "...Num determinado momento, uma das meninas foi ao banheiro, e todas a acompanharam. Lembro-me de uma grande algazarra. Mal a porta se fechara atrás da última a entrar, e se ouviu uma enorme gritaria. A porta se abriu, e as meninas saíram correndo, apavoradas, uma querendo passar por cima da outra, para sair dali o mais rapidamente possível!
    Sem entender o que acontecera, fui atrás, mas já chamavam para cantar o parabéns, e a agitação das meninas se diluiu na bagunça generalizada..."

    Curiosidade que move o mundo...
    Todas correram para o banheiro, simultaneamente? Uma vontade geral de fazer pipi?!
    Claro que não! Todas sabiam que havia algo novo para se ver, conhecer, explorar.
    Sou capaz de afirmar que uma, no mínimo, sabia o que ia encontrar, talvez a que capitaneou o grupo. Um exibicionista só existe por existir espectador. Um canalha só existe por existir um agente passivo (entendendo-se AGENTE, segundo o Aulete: O que causa, dá origem ou impulso a alguma coisa).
    Afirmo mesmo que poucos segredos existem, se é que os há, entre pessoas de uma comunidade.
    Penso que o que a amada autora quer realçar não é sobre a necessidade de se dizer ou não toda a realidade, mas sim, sobre a hipocrisia.
    Hipocrisia e salvação andam de braços dados, esta é uma das questões, isto incomoda aos que não são hipócritas e aos que encaram suas miudezas e buscam mudanças e progresso... Mas, menos de 8% da sociedade mundial têm interesse em mudanças, em se saber, em se encontrar. Daí, a hipocrisia (a coisa dos três macacos) e a salvação (a ancoragem em pseudos valores, como os preconceitos, algumas religiões, "verdades" etc).
    Penso que numa comunidade onde tudo seja dito e esclarecido, a vida deve ser muito chata, sem graça. Segredos são importantes, intimidade não deve ser confundida com realidade exposta. Imagino um meio termo entre a total exposição e o total encobrimento... Como num relacionamento sexual em que os parceiros se despem aos poucos, mas sempre haverá uma nova curva a ser descoberta...

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  3. Obrigada, Pedro, pela presença! Tô gostando de te ver sempre por aqui! :)
    Dermeval, assim: meninas seeempre vão em bando pro banheiro. É a graça, é onde se fala dos segredos, onde se comenta algo que não se pode comentar no meio da festa, tanta coisa... rsrs... E há, sim, esse componente da aventura, sabe-se lá se alguma não chamou as outras pra verem o que foi visto...
    Mas é isso, a hipocrisia me incomoda demais.
    Afinal, Dermeval, nós, como pais, não temos obrigação de iniciar nossos filhos, pra que estejam preparados pro mundo real? E, se não falamos sobre as coisas, que preparo lhes damos? Aí vemos menininhas se jogando de cabeça num mundo cruel demais pra falta de preparo delas, e quebrando a cara, engravidando, apanhando, sendo assassinadas... não precisamos, não, descortinar tudo, mas que haja uma certa transparência nessa cortina... Fingir que o mal não existe só alimenta esse mal.

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  4. Sim, não devemos entregar nossos filhos às feras.
    Aqui em casa, desde sempre, nunca adiantamos nenhum assunto sem usarmos a oportunidade e o bom senso, pois sabíamos, até por nós mesmos, que nada entra numa cabeça que não quer mudança ou acréscimo.
    Daí, respondíamos todas as perguntas sem trégua, permitíamos todos os amigos em casa, mesmo proporcionávamos isso, e aproveitávamos todas as chances para ensejarmos assuntos difíceis e cruéis, como o tratado em seu tema.
    Mas, nunca antecipamos ou tentamos salvar nossas filhas, e agora netos, de suas próprias descobertas, mesmo as doloridas e complicadas.
    A natureza não dá saltos e não podemos substituir a própria pessoa no seu próprio tempo...
    Ansiedade é este estado horroroso em que ficamos quando queremos antecipar a idade. Com quem amamos então, o primeiro impulso é de nos jogarmos no abismo no lugar deles... Grande engano esse... O abismo costuma ser o melhor conselheiro da vida, muitas vezes absolutamente necessário para o aprendizado ou a consolidação de novos conceitos da vida...
    O momento do abismo é o grande movimento da paixão para que nos enxerguemos de forma inédita e total... E, frequentemente, a nós observadores, só nos resta o depois, quando ali estamos juntos, disponíveis, sem julgamentos, com o velho ombro amigo ou o colo de mãe/pai, apenas auxiliando, coadjuvando o levantar da lama... Pacientemente...

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  5. Que palavras bonitas, Dermeval.
    Como mãe, sei exatamente do que fala. Há aquilo que podemos tentar ensinar, mas há coisas que só a experiência ensina. E não tem jeito. Todo pai e mãe sabe o quanto gostaríamos de livrar nossos filhos de sofrimentos previsíveis, alertando-os, baseados em nossa própria experiência. Mas, a experiência de uma pessoa não serve pra outra. E quem disse que, com eles, as coisas se darão da mesma forma, não é mesmo?
    Mas, fazendo a nossa parte, conversando, falando sobre as coisas de forma mais aberta, menos hipócrita, acredito que possamos ajudá-los a enxergar melhor a realidade. Daí esse trabalho que estamos fazendo aqui.
    Obrigada pela presença, querido! :)

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  6. Oi, amiga Ana Lucia Sorrentino

    Gostei muito do seu texto e em vários momentos me fez lembrar a adolescência. Lembro o modo como fui criada, como filha única, sem nenhuma liberdade e sem orientação sobre as dúvidas que eram normais na minha idade.
    Quando fazia perguntas tinha como resposta: não repita mais isso, é feio. Ou isso não se diz, isso não se faz. Menina direita não beija na boca (pode ficar grávida). Acredita? Por isso mesmo depois de adulta, formada, trabalhando tive a sorte de conhecer meu marido. Com ele, nos quatro anos de namoro e seis meses de noivado aprendi a viver, conheci o que era dançar, me divertir e casamos. Tínhamos passado uma infância muito parecida, sem muitas informações e o que aprendemos foi na escola ou com amigos. Conversávamos muito sobre como criaríamos nossos filhos. Tivemos três filhas que tiveram todas as informações e dúvidas tiradas por nós. Além disso, foram preparadas para enfrentar as dificuldades da vida, sabendo que para o mais ou menos não há lugar. Sempre incentivei as nossas filhas a lutarem pela vida para alcançarem seus objetivos e conseguirem o melhor, aquilo que as realizasse e as fizesse felizes. Graças a Deus e muito esforço, elas conseguiram, são felizes.
    A respeito dos macaquinhos, eu os tenho na estante da sala. Ganhei de presente de uma amiga há muitos anos, mas, sinceramente não sigo a sua filosofia.
    Um abraço e tudo de bom!

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  7. Zilda, não é assim mesmo? Também não lembro de conversar com a minha mãe ou com meu pai. Não sentavam conosco pra nos explicar as coisas. Só me lembro de olhares de repreensão, que me faziam sentir culpada, mas nem sabia ao certo de quê!

    Não se falava, se sussurrava. Não se explicava, se repreendia. Não se mostrava, se acobertava.

    Eu também, crio os meus filhos com o máximo de abertura possível, tento falar sobre tudo e imagino que os ajude a enxergar o mundo de uma forma menos hipócrita.

    E que bom que vc tem os macacos mas não é discípula deles! rsrs..

    Obrigada pela presença, Zilda!

    beeeijos!!! :)

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  8. Cara amiga!
    Há um longo tempo venho lendo tudo o que escreve.

    No entanto, é a primeira vez que sinto vontade de escrever.

    Gostaria que você me falasse mais
    sobre essa "negação da realidade".
    sobre esse ver, mas não perceber...
    mas que é no entanto sentido, como algo estranho.

    Assim, por não "perceber efetivamente e só sentir"
    se considerar culpada.
    Será que pode me entender?

    Muitas e muitas vezes, vendo o que acontece, mas
    sem concluir...
    sem ACREDITAR...
    sem poder confirmar o percebido
    porque o percebido
    é inacreditável...
    é quase monstruoso...
    causa medo.

    Semelhante a atitude da mãe e da irmã que falam sobre o barba-azul como um homem BOM...
    que faz todas aquelas coisas maravilhosas

    Não há como não concordar.
    Era mesmo.

    Então, o que sentia, o que pensava,
    só podia ser mentira...
    só podia ser invenção...

    E assim os anos se passam
    A negação continuada cria insegurança e descrença no que se percebe...
    no que é certo...
    no que é errado...
    no que se deseja...
    no que se quer...

    O que você me diz disso?

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  9. Giovanna, primeiro quero te agradecer por ter se encorajado a escrever. Quando alguém lê e guarda pra si o que leu, chega às suas próprias conclusões, mas não troca. E a troca, nessas experiências que compartilhamos aqui, é muuito importante. Quando você consegue se expressar já está resolvendo algo dentro de você. O simples fato de conseguir elaborar uma pergunta latente, que até então não conseguiu se manifestar, já é um grande passo.
    Isso que você descreve como algo que sente, mas que não percebe efetivamente, e que ainda traz consigo um sentimento de culpa, é absurdamente recorrente entre nós, mulheres.
    O que vejo, Giovanna, é que isso não é por acaso. Somos criadas para isso. Somos treinadas para sentir isso.
    Se buscarmos em nossas lembranças as situações em que pedimos que alguém nos esclarecesse a respeito de algo sinistro e em que o que recebemos de volta, em lugar de um esclarecimento, foi um olhar de reprovação, perceberemos que, aos poucos, fomos introjetando uma idéia de que questionar era feio ou errado. Pior: de que enxergar o monstruoso, como você diz, é uma espécie de pecado.

    Assim, acredito que passamos a não mais expressar nossas dúvidas, para não recebermos esse olhar reprovador, que nos faz sentir culpadas por algo que nem conseguimos entender o que é. Aos poucos, começamos a achar que nós é que somos as vilãs, por sermos maliciosas. Que a maldade está dentro de nós, e não no outro, que nos inspira suspeita. Você vê que interessante? Enxergar nos faz malvadas! E meninas más devem ser punidas. Se não pela sociedade, por elas mesmas, se mortificando com esse sentimento de culpa.

    Logo que entrei em contato com a história do Barba Azul, trocando idéia sobre ela com uma amiga, ouvi dessa amiga que “não devemos tentar saber tudo do outro, porque, se procurarmos, vamos encontrar”. E que usar a chavinha e abrir a porta que leva às vítimas do Barba Azul seria uma “invasão de privacidade”. E, nesses três anos que venho divulgando o trabalho de Clarissa, já escutei isso várias vezes.
    Ora bolas, Giovanna, sabemos muito bem o que é invasão de privacidade!

    A questão é: é preciso medir o tamanho do perigo. Quando o que está em jogo é descobrir se quem está ao seu lado é um monstro assassino, para que você possa se proteger dele e salvar a sua própria pele, você prefere usar a chavinha ou ser uma boa menina?

    O que precisamos entender é que, muitas vezes, ter coragem de encarar de frente a monstruosidade é a única forma de salvarmos nossa própria pele.

    É por conta desse imenso sentimento de culpa que fomos treinadas a sentir, que muita desgraça que poderia ser evitada se concretiza. É por conta dele que fingimos não ver uma vizinha que aparece de olho roxo. E que nos fazemos de surdos ao escutar gritos de alguém que apanha, perto de nós. E que toda uma vizinhança consegue não perceber que um pai psicopata trancafiou a família e a mantém refém, estuprando as filhas, por anos e anos a fio. Porque “é feio” enxergar. É “feio” falar disso. E investigar isso é “invasão de privacidade”.

    Só que você, Giovanna, tem alma. Graças a Deus, como diz Clarissa, dentro de você há uma velha que toma conta de seu estopim dourado. O que quer dizer isso? Que, por mais que você esteja afastada de sua alma, ela está lá, com todas as suas capacidades, com toda sua perspicácia, com seu imenso sexto sentido. E basta você parar um pouquinho pra escutá-la, basta você prestar atenção nas mensagens que ela lhe envia, que ela se manifestará lindamente, te salvando dos que querem te manter cega e te mostrando o que você precisa para se salvar.
    Eu até fico feliz que você sinta essa culpa ao perceber ou intuir algo errado. Porque melhor isso do que já não perceber nem intuir mais nada. Essa percepção do que é feio, que tanto te incomoda, é sua alma se manifestando, pra te proteger. Cabe a você deixá-la se manifestar cada vez mais, lhe dando espaço e atenção, para que ela cresça tanto que não haverá mais lugar para sentimentos de culpa por enxergar o que é preciso ser visto.

    Beeeijos!!! :)

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