domingo, 1 de agosto de 2010

Comentando... 3ª Parte

Esta semana estivemos às voltas com três posts:

- Tentação, de Clarice Lispector;
- Amor casual, um conto de minha autoria;
- Sedna, a mulher que se apaixonou por um cachorro, uma lenda esquimó.

E aí me aparece Sedna, a linda mulher que viveu isso. Uma mulher livre a ponto de decidir a quem amar respeitando apenas sua própria vontade. Apaixona-se e se casa com um cachorro.
Creio que, aqui, cachorro no seu melhor sentido, aquele que oferece um amor puro e incondicional. Fiel. Companheiro.

Sedna respondeu aos apelos da própria alma, rejeitou os homens, e se casou com um cão. E quero ver alguém me dizer que ela não tinha direito de fazer isso...
O amor era dela, o sentimento era dela, a vida era dela... que coooisa!!!!!
Mas... os homens de seu povoado não pensaram assim. Numa TOTAL falta de respeito à natureza, acharam que Sedna não tinha direito de lhes rejeitar por um cão. E cometeram todo tipo de crueldade contra essa mulher.
Alguém conhece alguma história assim? Isso não é lenda. Hoje, terceiro milênio, 2010, PROLIFERAM histórias assim...

Infelizmente, muita gente ainda crê que pode mandar nos sentimentos alheios. Que pode EXIGIR amor. Que pode comprá-lo, mesmo que o outro não queira vender!!! Que pode castigar quem se negar a “fornecer”...
Nooossa... como fico triste quando penso nisso...
Sedna foi vítima das mais brutais violências, e, ainda assim, tudo o que fizeram contra ela, ela transformou em amor. Seus dedos se transformaram em alimento, que garantiria a sobrevivência daqueles mesmos que o cortaram.
E, embora ela tivesse poder para castigar a todos pelo constante desrespeito à natureza, um simples gesto de carinho, de um homem que resolveu desembaraçar seus cabelos emaranhados e enlameados, a faz sentir-se agradecida e desistir de sua vingança...

Quanta similaridade com o que vejo todos os dias por aí!
Como são as mulheres? Sofrem barbaridades, e um mínimo sinal de carinho, às vezes forjado, as faz esquecer de tudo e perdoar. Para, em seguida, sofrer novamente.
A lenda de Sedna é linda. Sedna é divina. Mulher é isso mesmo: amor.

Mas, quero estragar um pouco o clima, e perguntar: até que ponto devemos perdoar tudo? Até que ponto é saudável sermos tão amorosas e crédulas e nos deixarmos envolver por pequenos gestos de carinho, esquecendo de grandes gestos de desrespeito?
O quanto é saudável, até mesmo para os homens, esse perdão fácil, que os desobriga de crescer?

5 comentários:

  1. Uau..dessa vez eu estou sem resposta..rs..por um lado é aquela de oferecer a outra face. Mas...até quando? No curto prazo, quanto mais permitimos que alguém ou um grupo nos ofenda, humilhe, agrida, mais essas pessoas continuarão a fazer isso. E se...no longo prazo, essas pessoas forem humilhadas, agredidas, ofendidas em represália? Sei não...a pensar..rs..

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  2. A vida é assim, cruel!
    O modelo estabelecido pelos séculos e que ainda vigora em pleno XXI é assim.
    Não acredito que haverão mudanças sociais que tornem o amor a bandeira das sociedades, no que se refere ao relacionamento homem/mulher.
    Eternamente veremos o dominador e o dominado num casal, como regra do esquema relacional, e, como disse Drummond, "... As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
    provam apenas que a vida prossegue
    e nem todos se libertaram ainda." ()
    Daí, o que sobra?!
    Menos de 8% da humanidade, aí inclusos machos e fêmeas... Estes mudam, se mudam e impõem mudanças, lideram e fazem diferença, presenciam e agem, pensam e criam, se distinguem, se sabem e se gostam, se amam e vivem apaixonados, respeitam e são respeitados, são verdadeiramente livres por conhecerem a verdadeira liberdade, que é aquela interior e intocável, que conduz comportamentos quaisquer que sejam e os ampara...
    Estes são Sednas, Anas Lucias e lobos...
    Os demais são apenas os demais, os eleitos, e nasceram para sofrer e apanhar, até dos deseleitos... E não se libertaram ainda...
    Resta-nos, e me considero um deseleito, nos conformarmos com a turba sem sofrimentos. Olhá-los e percebê-los, fazer o que puder por eles, mas não sofrer por eles, usá-los quando precisar, conviver com eles, mas segundo as regras deles se possível...
    Cruel isso?!
    É! Mas, a vida é cruel e o divino é insensato, porisso nos criou, e para isso nos mantém.
    Apaixonemo-nos... A paixão salva e nos desenvolve...

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  3. Olá, deixo aqui uma dica sobre o mundo feminino! Este post em especial, mas podem olhar todo o blog que é super interessante para as mulheres! Grande beijo

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  4. OI, Aninha
    Estive fora curtindo os netos em férias aqui em Cabo Frio.
    Mas fiquei tocada com a lenda da Sedna, uma mulher que é a expressão de amor, perdão e renúncia.
    Essa lenda deveria servir de exemplo às mulheres de hoje, as "Amélias", que mesmo sofrendo desrespeito e humilhação continuam a se submeter ao homem que julgam amar.
    Fico pensando porque nos dias atuais a mulher que conseguiu, a duras penas, conquistar um lugar de destaque, não se valoriza aos olhos masculinos. Muitas mulheres que conheço, se acham independentes e o são, financeiramente, mas, no emocional ainda se deixam levar e submeter aos caprichos masculinos. Por experiência vi, no decorrer de algumas décadas de vida, que os homens continuam os mesmos valorizando as mulheres que não se submetem e ao contrário, conseguem impor a sua vontade. Eles vêem da educação feminina, as mães os elevam e enaltecem. Assim, eles se julgam uns pequenos deuses que podem submeter aos seus caprichos as mulheres. Não podem ser tratados com tanto amor, carinho e atenção. Na minha opinião, eles valorizam a dúvida, a incerteza do amor feminino. Serão mesmo amados? Até que ponto são valorizados? Essa mulher bonita, bem cuidada, desejada e independente ficará sempre a seu lado?
    Eles são muito frágeis e precisam das mulheres para sobreviver, em todos os sentidos. Acontece que muitas mulheres não conseguem perceber o valor que têm e fraquejam, deixando que eles as submetam a seus caprichos.
    Uma boa noite e um abração!

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  5. "Eu andava pobre, tão pobre de carinho que de tola até pensei que fosses meu"...
    Como fugir de tudo isso, querida, dessa carência tão inútil, dessa falta de zelo, de amor por nós? Centenas de mulheres se parecem com a sua Sedna, e não existem vítimas nem culpados, mas é preciso que se faça justiça.
    Beijo, adorei o seu blog. Enriquecedor.

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