sexta-feira, 19 de abril de 2013

“Ninho vazio" traz liberdade para o casal e pode reacender a paixão


Considerada por muitas pessoas apenas como um momento de perda, a fase caracterizada pela saída dos filhos de casa também proporciona aos pais mais tempo e disponibilidade para que possam cuidar melhor um do outro e também de si mesmos. Se ainda existe amor, o romance e a sexualidade afloram, mas, se o casamento só se baseava nos filhos, então tende a acabar. 

Após muitos anos de casamento, os filhos já formando suas famílias, o casal entra na etapa conhecida como "ninho vazio". A sensação pode ser de perda, de vazio, e até desencadear uma crise. Mas também se inicia uma fase de liberdade. Os filhos já não requerem tanta dedicação, não é preciso ser só pai e mãe. É hora, mais uma vez, do "enfim sós". Essa experiência pode ser positiva, se houver amor ou amizade, ou difícil.

Alguns partem para uma "nova adolescência". Separam-se ou mudam de trabalho, buscando um novo sentido para a vida. Se o casamento era só para viver os papéis de pai e mãe, vão sentir que acabou. Se não era, podem se apaixonar novamente, viajar juntos, fazer planos. Há mais tempo para ficar a sós e estimular o romance, a sexualidade.

Hoje, aos 60, 70 anos, não somos velhos como eram nossos pais ou avós na mesma idade, que iam morar na casa dos filhos e cuidar dos netos. Temos mais saúde, disposição e, se fomos responsáveis, uma aposentadoria que nos permite curtir a vida, fazendo o que não podíamos enquanto os filhos viviam em casa.

Muitos nessa idade são viúvos ou separados e sentem mais a solidão. Mas é preciso não se prender aos preconceitos e não ligar quando os filhos tentam reprimir, dizendo frases como "Essa roupa não é para sua idade", ou "Você está velho para namorar". Devemos ter bom senso para não cair no ridículo, mas podemos namorar, sair, ter amigos, cuidar da beleza e usar roupas modernas. Não é porque não somos jovens que devemos engordar, não ter vaidade. Uma pessoa com 70, até com 80 anos ou mais, pode ser bonita, saudável e sensual.

Para quem está só, é normal o desejo de ter um companheiro. Sempre se pode encontrar alguém e se apaixonar. O desejo sexual, a libido, não morre com a idade; com os novos medicamentos, então, o que era impossível hoje se tornou viável.

No filme Alguém Tem Que Ceder, da diretora americana Nancy Meyers (59), o ator Jack Nicholson (71) vive um sedutor que só gosta de mulheres jovens, mas nunca se envolve nem se compromete. Conhece então a mãe de uma de suas conquistas, Diane Keaton (63), e tem um caso com ela. É sensível a cena que mostra os dois na cama, conversando como velhos amigos e se amando. Ele vê pela primeira vez o corpo de uma mulher mais velha, mas ainda sensual e bonita. Ela, que estava sozinha havia muito tempo, fica surpresa, mas se apaixona. Quando rompem, sofre como se tivesse 20 anos. No final, reencontram-se e ficam juntos, percebendo que a maturidade, a experiência e a amizade têm seus encantos, que é possível amar sem precisar perseguir a juventude, que em qualquer idade podemos nos envolver e ser felizes, desde que haja amor verdadeiro e a coragem de assumir um compromisso.

Na maturidade, não somos mais obrigados a fazer o que não queremos. Temos de pensar que a saúde emocional é tão importante quanto a física. Então, é o momento de reavaliarmos a vida e perguntarmos: "Do que sinto falta? Se tivesse só um dia de vida, o que eu faria? Como devo viver para ser verdadeiro comigo mesmo?" Nunca é tarde, sempre se pode mudar, se apaixonar por alguém, por uma idéia, por um novo trabalho, conhecer lugares diferentes, aprender algo novo, enfim viver plenamente, como aos 20 anos.

Escrito por Leniza Castello Branco

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