terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

A Literatura enquanto exercício vital! - parte 2


ENTREVISTANDO LÍVIA GARCIA-ROZA
Para início de conversa tive de pedir a colaboração do pessoal da Casa de Livros, que gentilmente me enviou vários títulos dessa autora. Foi quando descobri que Roza está decidida a marcar sua presença no campo literário brasileiro. Ela tem por volta de doze obras publicadas. E obras para adultos (romances e contos), adolescentes (romances), pré-adolescentes (diários) e crianças (“A casa que vendia elefante” e “Betina tem um problema” – ambos da Editora Record com ilustrações de Mariana Massarani). É espantoso que uma escritora se dedique á Literatura e espalhe seu trabalho em tantas fases de vida. No Brasil, comumente escritores dedicam alguns títulos às crianças e adolescentes, em geral quando têm filhos, na forma de uma concessão à grande Literatura. João Ubaldo Ribeiro tem dois, Nélida Pinõn tem um. Já Lívia, notamos que escreve para quem quiser ler, sem dirigir sua literatura para cá ou para lá. Isso revela um certo ecletismo e uma visão de mundo bem aberta e antenada com a realidade do século XXI. Eu me dediquei a ler um número generoso de romances com protagonistas-mulher, seus sonhos, desejos, realizações e frustrações em uma variedade enorme de situações de vida presentes em livros como “A palavra que veio do sul”, “Solo feminino”, “O sonho de Matilde”, “Meu marido”. “Cartão-postal”, “Milamor”, “Cine Odeon”, “Ficções fraternas”. Descobri que “Cine Odeon” e “Solo feminino” esbarraram perto do Prêmio Jabuti de Literatura (provavelmente em “autora revelação” e “Milamor” esteve entre os finalistas do Prêmio São Paulo de Literatura no ano passado.


Em “A palavra que veio do sul”, ela retoma o tema dos pais separados em um momento bem posterior à separação, já que o pai está novamente casado e apaixonado pela nova mulher e a mãe busca um amor na internet e não percebe um apaixonado, Wanderley que a rodeia no cotidiano e que se contenta em ficar amigo da filha e cuidar dela quando a mãe precisa sair. O texto já começa assim: “Mamãe estava deitada no chão da sala, venda nos olhos, imóvel. Ao seu lado, eu colava no vestido cada pedacinho que recortava da revista de história em quadrinhos. Sem se mexer, mamãe comentou que eu tinha me tornado estilista a partir de um trauma. Perguntei o que era trauma, e ela respondeu que era um choque infernal. – Um empurrão de elefante, Leninha.” Ou seja, não resta dúvida, que a autora pretende esmiuçar os sentimentos humanos em sua produção literária. 
O romance “O sonho de Matilde” trata da relação de uma família do interior, de valores rígidos e extremamente limitada intelectualmente. De um momento para outro, a vida familiar leva um choque porque uma das filhas adolescentes do casal tem um surto psicótico. E o texto trata das mudanças nas relações familiares, o sonho de conhecer o Rio de Janeiro como uma experiência complexa e cheia de acertos e desacertos.

“Meu marido” trata de uma mulher do interior que se casa com um policial e vai viver no Rio de Janeiro, onde desfruta de uma vida econômica melhor, só que a convivência com o marido é das mais inusitadas.

Outro título que me impressionou muito bem e que acho bem raro na literatura foi “Solo feminino”, um texto que trata de Gilda, uma mulher em seus vinte e poucos anos, que já trabalha e vive com a mãe e o tio. É muito interessante como Gilda lida com suas relações amorosas, dribla um fã e persiste na realização de seu sonho amoroso e profissional. Um texto raro, porque o público entre vinte e trinta anos quase não aparece nos romances de Literatura Brasileira. Muitas editoras recusam textos para essa fase da vida. De antemão não apostam nesse público.
Talvez porque o vestibular e os primeiros anos da faculdade, comumente enveredem os jovens adultos a uma literatura especializada e não apostem na formação mais geral do ser humano. Portanto, esse romance é uma boa surpresa. É um texto que encontra uma linguagem enxuta e plena de acontecimentos bem própria ao universo de vivências desse público.
Enfim, chegamos finalmente ao que a psicanalista e nova escritora Lívia Garcia Roza nos contou sobre sua relação com a leitura e a literatura. De antemão, na orelha de “Solo feminino” somos informados que ela freqüentou por um ano o Curso de Literatura Brasileira e Portuguesa, ministrado pelo Prof. Ivan Cavalcanti Proença.


Por Ana Lúcia Brandão


continua...
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2 comentários:

  1. ANA LÚCIA,

    obrigado por sua adesão ao meu novo blog "FALANDO SÉRIO", e com estilo absolutamente diverso, daqueles que sempre tive:Humor.

    Fiquei conhecendo também,Livia Garcia-Roza e parabenizo por esta entrevista.

    E comunico que acabo de consertar uma falh imperdoável, pois sempre pensei que era seu seguidor, mas não era.

    AGORA SOU!!!

    Desculpe.

    Um abração carioca.

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    1. Rsrs... Paulo, vc tá fazendo uma pequena confusão, mais do que natural. Você é, sim, meu seguidor, no Reencontrando sua Alma, desde o comecinho. É que também sou colaboradora do Comentários de Mulher e, hoje, o Comentários tem outra colaboradora com o mesmo nome que o meu. Só que ela é Ana Lúcia Brandão, e eu Ana Lúcia Sorrentino. E eu já era seguidora do Falando Sério. Imagino que a Ana Lúcia Brandão também tenha se tornado seguidora, o que me deixa feliz... rsrs... mas que a confusão é engraçada, é. E tá tudo certo, porque, com certeza, todos nós lendo todos nós será algo muuito bom! ;)

      Beeijos, Paulo! :)

      Analú

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