quinta-feira, 11 de outubro de 2012

EU SOU




Se soubéssemos o quanto é sério, profundo e complexo o Eu Sou, nós o olharíamos com mais atenção, carinho e respeito!

Eu Sou passa a existir no dia em que somos gerados, por um pai e uma mãe, e depois de nove meses, ele chega em seu novo lar, aqui no planeta Terra.

Nasceu o Eu Sou, uma criança, que recebe um nome que vai identifica-la por uma vida inteira, até a sua morte, e eu aqui a denominei Maria.

A primeira comunicação da criança é através do choro, gestos, até pronunciar suas primeiras palavras. 
Quando ela pronuncia pela primeira vez EU QUERO e EU SOU, ocorre a descoberta de seu próprio corpo, e ela então, toma consciência de sua existência na Terra.

Maria agora sabe que tem uma família, pais, irmãos e demais parentes, e que também tem uma personalidade, com vontades e seus próprios quereres.

Aos poucos, ela vai ficar sabendo, que suas vontades e quereres próprios, nem sempre prevalecerão, vão ser enquadrados dentro de padrões de comportamento moral, religioso, cultural, padrão de disciplina de educação que sua família e a sociedade lhe imporá.

Certamente Maria, muitas vezes, vai se rebelar e ceder, mas também vai se rebelar e brigar pela sua forma de pensar.

E junto a todas as informações que Maria receberá em seus primeiros anos de vida, surge uma, que é a mais definitiva delas – Você tem que ser boazinha, e sempre servir os outros, só pessoas assim vão ser queridas e respeitadas por todos.

Pronto, Maria recebeu sua sentença, por mais que ela queira fugir ela não vai conseguir se esconder, porque todas as demais pessoas de seu convívio sofrem do mesmo mal.

E como ela é muito pequena, não percebe ainda que, o que ela trouxe na bagagem, suas memórias, que serão acrescidas aos fatos vividos agora como Maria, podem se perder se ela não ficar atenta.

Maria começa a ficar dividida entre sua bagagem de vida trazida ao nascer e os outros ensinamentos que está recebendo à medida que vai crescendo.

Acredito que a grande maioria das crianças não chegou a pronunciar EU QUERO e EU SOU, e passam um bom tempo da vida, se não uma vida inteira, procurando por elas mesmas, pelo seu Eu Sou, seu Eu Original, do jeito que chegou ao nascer.

Não devemos esquecer jamais, e pensar nisso sempre. EU SOU o que EU SOU, e não aquilo que gostaria de ser. Corremos o risco de passar uma vida inteira buscando aquilo que não sou, e esquecer nosso propósito de vida!

Mas o tempo todo de nossa existência, outro lado se contrapõe a esse, um lado positivo e benfeitor, que nos ajuda a discernir e definir parâmetros e que não deixam nossas memórias caírem no esquecimento.
Em algum momento retomamos a nossa consciência, e, aos poucos reunimos novamente, todos aqueles pedaços que ficaram à margem da estrada.

Cabe a nós, cuidarmos e curarmos cada um, e estando de posse deles, estamos de posse mais uma vez de nosso Eu Sou, de posse de nossa vida, de posse de nós mesmos.

Aí sim, Maria poderá entrar na carruagem, pegar as rédeas de sua vida, e conduzi-la conforme suas escolhas!


Carmen Quartin

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