Uma presença indispensável para compensar a agitada vida moderna é Héstia, a deusa grega da lareira e do fogo central das casas. Héstia não é encontrada em imagens, mitos ou histórias, mas nos tempos antigos presidia muitos rituais. Em Roma, as vestais eram as virgens dedicadas a ela: cuidavam do fogo sagrado da cidade e eram severamente punidas se violassem a castidade. Héstia representa o circulo, o centro, a espiritualidade da mulher, o calor e a proteção do lar, o espaço da alma, o lugar de retorno.
Figura anônima, reservada, silenciosa e introvertida, encontramos Héstia na execução das tarefas domésticas, na meditação e na solidão. Ficou desprestigiada a partir do movimento feminista, pois representava um modelo do qual as mulheres necessitavam se distanciar no momento em que conquistavam o mundo fora das paredes do lar e outros arquétipos femininos estavam em ascensão.
Hoje em dia cada vez mais mulheres guerreiras já maduras, ao deporem suas armas, almejam essa deusa em suas vidas. Héstia traz o tempo sem pressa, não do relógio cronológico, mas o da calma interiorização e da energia apaziguadora, mantendo o centro da alma puro e intocado das solicitações e aceleração do mundo externo atual.
Podemos acessá-la na arrumação de um armário, ao lavar louça, tecendo ou cerzindo, afazeres repetitivos que levam a um devaneio quase meditativo. Também está presente na contemplação de uma acolhedora lareira, na prática de Ioga ou na sensação de aconchego e repouso quando voltamos para casa depois de um dia inteiro fora. Sem Héstia nos perdemos de nós; precisamos dela para regressar ao lar da alma.
Escrito por Silvana Parisi
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