quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Falando de Amor

Semana passada a Suely postou um texto do Jabor – Eu te amo não diz tudo.
E me fez começar a pensar sobre o amor...

Em seguida, adoçou nossas vidas com um vídeo maravilhoso, um trecho do desenho da Disney, Up - Married Life - Carl & Ellie, com a música Book of Love, do Peter Gabriel. Literalmente, me derreti...
E, inevitavelmente, comecei a juntar tudo.



O texto do Jabor é praticamente um manual de instruções sobre como amar.
Nele, ele descreve todos os comportamentos que seriam pra lá de naturais em alguém tomado de amor: O interesse real pelo outro e por sua felicidade, o preocupar-se, ouvir, sacudir quando necessário... Ter atenção, carinho, cuidado, ser solidário e delicado... perdoar, aceitar o outro como de fato é...

O que mais poderia se esperar de quem ama, não?
E, de repente, aquele pequeno trechinho de Up ilustrava à perfeição tudo o que Jabor havia dito. A figura do velhinho, lembrando, com saudades, de um amor de toda uma vida, as cenas de companheirismo, a idade chegando, dificuldades compartilhadas e superadas... e um carinho, um enorme carinho...
E eu comecei a me peguntar o que é que anda acontecendo, que esse tipo de relação amorosa está se tornando raridade...
Vejo pessoas se queixando de solidão e desejando amar por todos os cantos.
Mas também... vejo pessoas com medo. Há um medo de amar no ar, um medo de se entregar, um medo de confiar, um medo, talvez, de sofrer... como se não amar também não fosse sofrer... O que acontece?


Tanto o texto do Jabor quanto Up me reportaram a um amor muito mais compassivo do que ao amor romântico, que é cultural e que vem com um pacote de comportamentos obrigatórios preestabelecidos, que acaba, quase sempre, nos levando ao sofrimento. Nada contra um pouco de romantismo, mas o romantismo deveria vir do coração, e não cumprir um script com marcações rígidas, porque estas não aceitam tropeços, e tropeçar é da natureza humana.

Entramos nos relacionamentos esperando reciprocidade total e imaginando, inocentemente, que o outro adivinhará tudo o que precisamos para nos sentirmos felizes. E, a partir daí, passamos a cobrar dele a manutenção da nossa felicidade.
Inevitavelmente decepcionados, porque nossa felicidade é responsabilidade única e exclusivamente nossa, julgamos que nosso caso de amor não deu certo... E começamos, então, a desenvolver uma série de teorias e mecanismos de autoproteção.


É assim que vejo pessoas se boicotando, e ao amor, o tempo todo.
Conhecemos alguém cuja energia combina incrivelmente com a nossa e cuja presença parece só nos fazer bem, e ficamos com o pé atrás...
Como na música do Los Hermanos: eu encontrei, e quis duvidar... tanto clichê, deve não ser...

Segue-se uma análise impiedosa sobre toda a situação sócioeconômicaculturalcomportamentalvisual daquele que parece nos agradar tanto. E pronto: aborta-se um amor. Porque, é claro, ninguém é perfeito. E só conseguimos aceitar numa boa a imperfeição do outro quando estamos abertos para amar.

E assim, fechados, estabelecemos uma série de condições para que possamos nos atrever à entrega. Pra que eu ame,
é preciso que o outro não dependa de mim...

é preciso que ele não coloque em risco a minha tranquilidade...

é preciso que ele não me tire da minha zona de conforto...

é preciso que eu tenha certeza de que ele me amará também, na mesma medida e do mesmo jeito...

é preciso que se estabeleça um contrato, com uma regulamentação sobre o que podemos, e o que não podemos... e não há de haver imprevistos... rsrs...

Complicado, né?


Em A Arte da Felicidade o Dalai Lama diz:
Quando você mantém um sentimento de compaixão, bondade e amor, algo abre automaticamente sua porta interna. Com isso você pode se comunicar mais facilmente com as outras pessoas. E esse sentimento de calor cria uma espécie de abertura. Você descobre que todos os seres humanos são exatamente iguais e você se torna capaz de se relacionar mais facilmente com eles. Isso lhe confere um espírito de amizade. Então há menos necessidade de esconder as coisas e, consequentemente, sentimentos de medo, dúvida e insegurança, se dispersam automaticamente.


Se o outro parece representar uma ameaça, creio que seja porque nós não o estamos olhando com esse sentimento de compaixão, bondade e amor. E isso é o que nos dá medo.
Imaginar que viver um grande amor será sempre um mar de rosas é inocência.
E imaginar que não viver amor nenhum vai nos salvar de algo também é inocência.
E é por tudo isso que a letra da música do Peter Gabriel, Book of Love, fecha esse raciocínio com chave de ouro:

O livro do amor é longo e chato
Ninguém consegue levantar o maldito
É cheio de gráficos e fatos e figuras
E instruções de dança
Mas eu
Eu amo quando você o lê para mim...

E aí? Vamos nos propor a dançar?

17 comentários:

  1. Ana,
    Uma vez estava contando a uma amiga sobre um problema que estava tendo no meu relacionamento, e ela me disse que amar da trabalho. E realmente é assim, porque tudo que nos exige uma dose de atenção, carinho, cuidado requer algo de trabalho, é assim com educação dos filhos ou com o o cultivo de um jardim que amamos.

    E se aceitamos que da trabalho, então que seja um trabalho prazeroso que a gente possa ouvir musica e dançar ao mesmo tempo.

    Bjosss

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  2. Amiga, que saudades das nossas conversas!Olha eu amei seu texto e acho muito lindo o texto do Jabour a qual vc se refere.Concordo qdo diz q hoje as pessoas sentem medo de amar, triste isso não?Hoje existe cobrança,padrões pré-estabelecidos, normas para se amar.Aff eu detesto tudo isso...acho q amor é entrega, de corpo e alma, é ir fundo, arriscar a sentir dor, mas garanto q será menos doloroso se não houver cobranças.Apenas o amor.
    Grande beijo

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  3. O AMOR É SIMPLES E OBJETIVO MAS QUEM COMPLICA SOMOS NOS MESMOS. É SÓ ACEITAR O OUTRO COMO A PESSOA É MAS COMO É DIFICIL SE AMA ! RESPEITE AJUDE SEJA COMPANHEIRO ,AMIGO, DIVIDA O QUE SENTE E TENTE NUNCA MAGOAR, E NAMORE MUITO....

    ANA TUDO QUE VC COMENTOU É VERDADE HOJE EM DIA SEMPRE FICAMOS COM O PÉ ATRAS NA LINGUAGEM POPULAR POR ISSO O AMAR ESTA MAS RARO TEMOS E ARRISCAR ERRAR E ACERTAR .... ABRAÇAO

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  4. O medo de amar surge quando há mais sofrimento que prazer, quando há mais cobrança que entrega, ou quando o amor torna-se apenas uma fachada para encobrir interesses da mente e não a necessidade da alma.
    Parabéns pela matéria, Ana Lucia.
    Um abraço cordial.

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  5. Voce continua escrevendo divinamente, cada dia com mais dinamica e determinação e é isso que faz de voce a pessoa maravilhosa que é. Mais uma vez parabens. Um abraço com carinho Heudes.

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  6. «Quando você mantém um sentimento de compaixão, bondade e amor, algo abre automaticamente sua porta interna.»

    Sem dúvida!!!

    Paulo

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  7. Oi, Aninha
    Amar pode ser complicado, mas é gostoso! O problema é que as pessoas se preocupam mais em ser amadas do que em amar. Amar é tudo de bom, ser amada é uma consequência...
    Amei seu texto, vc é mesmo criativa e sabe nos emocionar.
    Um abraço e tudo de bom!

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  8. Amar é prática expontânea da amnésia. É acordar num dia novo, bom dia novo, um beijo novo - porque ontém se somou a todo o resto que, se nesse instante é lembrança em meia hora será palavra.
    Dizer o amor é mais dificil e ela só acredita se o dizemos; melhor futuro aos contrutores de palavras que aos carregadores de rosas; uma serpente mordendo a prórpia cauda muda tudo em meia hora.
    Amemos então, pois é o único destino apartado da lucidez para o qual temos motivo; de resto é só dia a dia.

    Belissimo argumento Ana. (adoro essas corinas vermelhas)..castanho lobo

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  9. Todos já falaram tudo que eu desajaria falar. Amor é um sentimento colorido. É isso. Beijo!

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  10. gostei muito de ler-te

    vou seguir-te.


    beijos feliz fim de semana!!

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  11. Menina...eu vi o UP esses dias com a Mila e chorei acho que metade do filme, justamente por essas cenas do casal...eles que vão ficando velhinhos e compartilhando tudo. Achei lindo - e triste quando a mulher morre e ele fica sozinho. E o amor que a gente conhece de ouvir falar ou ver na novela não existe assim na forma pura, talvez seja por isso que muita gente tenha medo de se lançar a amar: de se decepcionar com a descoberta de que aquele par perfeito não existe. Mas vamos combinar, o perfeito não existe..rs..

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  12. Olá Analú! qnto tempo... como sempre adoro as coisas q vc escreve! e tenhu experiência própria de tudu isso..rs esse "medo de amar"
    mas espero um dia ,saber amar e ser amada!

    um abraço

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  13. Amar + verbo amar
    Não há ninguém que não ame,
    mesmo que esse amor seja doença. Vimos isso todos os dias, tempos já longamente passados e lugares que quando o amado(a) ou mesmo uma população inteira matam em nome do amor.
    Sei, falamos aqui do amor que faz sentir-se bem, o amor fraternal que produz a harmonia e serenidade e do amor paixão que faz com que os olhos, a alma, o corpo ficam mais belos e plenos de vida.
    QUE PREVALEÇA O AMOR SADIO, ONDE O OUTRO SEJA RECONHECIDO COMO UM SER A SER PRESERVADO, CUIDADO.
    Beijos
    Salete

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  14. Uma vez eu li que amar é um eterno doar-se. E só isso. Sem esperar que o outro retribua o que você está dando.
    Não tenho medo da entrega, não sei fazer joguinhos de sedução, de comportamento. Não sigo regras preestabelecidas por guias de autoajuda. Eu sigo o que estou sentindo. Se está bom eu continuo. Ficou ruim, causou mais sofrimento do que prazer, caio fora. Não tenho tempo a perder.
    Amar é bom, é maravilhoso. É um sentimento que transmite energia. É vida.

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  15. O amor, já nasce conosco estamos aqui para desenvolve-lo entre nós, para isso devemos diferenciar o que é prazer de desejo que muitas vezes o confundimos com obsessões mentais.Para manifestar o amor é necessário lapidar-mos nossa comunicação, primeiro com nós mesmos(amor próprio) e após esse aprimoramento a comunicação com a pessoa amada e essa comunicação deve ter a mais pura intenção que é sempre sustentada pelo amor, quando nós conseguir-mos identificar o que vem da mente e o que vem do coração ai nossa comunicação estará criando pontes de energia ligadas a fonte do amor.
    Parabéns Ana Lucia, pela iniciativa e juntos podemos exercitar através de mentes coletivas o sentimento mais importante do universo.

    "Aquilo em que vossa atenção firmar-se, vossa alma concretizará"

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