terça-feira, 31 de agosto de 2010

Transtornos Alimentares: Anorexia e Bulimia

Transtorno alimentar:
A pessoa priva-se de se alimentar, levando-a a um emagrecimento a níveis abaixo do peso mínimo normal.
Essas pessoas, na maioria mulheres, têm plena convicção de que são gordas e a idéia de virem a ganhar gramas, as apavora e gera angústia.


Suely Laitano Nassif

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Falando de Amor

Semana passada a Suely postou um texto do Jabor – Eu te amo não diz tudo.
E me fez começar a pensar sobre o amor...

Em seguida, adoçou nossas vidas com um vídeo maravilhoso, um trecho do desenho da Disney, Up - Married Life - Carl & Ellie, com a música Book of Love, do Peter Gabriel. Literalmente, me derreti...
E, inevitavelmente, comecei a juntar tudo.



O texto do Jabor é praticamente um manual de instruções sobre como amar.
Nele, ele descreve todos os comportamentos que seriam pra lá de naturais em alguém tomado de amor: O interesse real pelo outro e por sua felicidade, o preocupar-se, ouvir, sacudir quando necessário... Ter atenção, carinho, cuidado, ser solidário e delicado... perdoar, aceitar o outro como de fato é...

O que mais poderia se esperar de quem ama, não?
E, de repente, aquele pequeno trechinho de Up ilustrava à perfeição tudo o que Jabor havia dito. A figura do velhinho, lembrando, com saudades, de um amor de toda uma vida, as cenas de companheirismo, a idade chegando, dificuldades compartilhadas e superadas... e um carinho, um enorme carinho...
E eu comecei a me peguntar o que é que anda acontecendo, que esse tipo de relação amorosa está se tornando raridade...
Vejo pessoas se queixando de solidão e desejando amar por todos os cantos.
Mas também... vejo pessoas com medo. Há um medo de amar no ar, um medo de se entregar, um medo de confiar, um medo, talvez, de sofrer... como se não amar também não fosse sofrer... O que acontece?


Tanto o texto do Jabor quanto Up me reportaram a um amor muito mais compassivo do que ao amor romântico, que é cultural e que vem com um pacote de comportamentos obrigatórios preestabelecidos, que acaba, quase sempre, nos levando ao sofrimento. Nada contra um pouco de romantismo, mas o romantismo deveria vir do coração, e não cumprir um script com marcações rígidas, porque estas não aceitam tropeços, e tropeçar é da natureza humana.

Entramos nos relacionamentos esperando reciprocidade total e imaginando, inocentemente, que o outro adivinhará tudo o que precisamos para nos sentirmos felizes. E, a partir daí, passamos a cobrar dele a manutenção da nossa felicidade.
Inevitavelmente decepcionados, porque nossa felicidade é responsabilidade única e exclusivamente nossa, julgamos que nosso caso de amor não deu certo... E começamos, então, a desenvolver uma série de teorias e mecanismos de autoproteção.


É assim que vejo pessoas se boicotando, e ao amor, o tempo todo.
Conhecemos alguém cuja energia combina incrivelmente com a nossa e cuja presença parece só nos fazer bem, e ficamos com o pé atrás...
Como na música do Los Hermanos: eu encontrei, e quis duvidar... tanto clichê, deve não ser...

Segue-se uma análise impiedosa sobre toda a situação sócioeconômicaculturalcomportamentalvisual daquele que parece nos agradar tanto. E pronto: aborta-se um amor. Porque, é claro, ninguém é perfeito. E só conseguimos aceitar numa boa a imperfeição do outro quando estamos abertos para amar.

E assim, fechados, estabelecemos uma série de condições para que possamos nos atrever à entrega. Pra que eu ame,
é preciso que o outro não dependa de mim...

é preciso que ele não coloque em risco a minha tranquilidade...

é preciso que ele não me tire da minha zona de conforto...

é preciso que eu tenha certeza de que ele me amará também, na mesma medida e do mesmo jeito...

é preciso que se estabeleça um contrato, com uma regulamentação sobre o que podemos, e o que não podemos... e não há de haver imprevistos... rsrs...

Complicado, né?


Em A Arte da Felicidade o Dalai Lama diz:
Quando você mantém um sentimento de compaixão, bondade e amor, algo abre automaticamente sua porta interna. Com isso você pode se comunicar mais facilmente com as outras pessoas. E esse sentimento de calor cria uma espécie de abertura. Você descobre que todos os seres humanos são exatamente iguais e você se torna capaz de se relacionar mais facilmente com eles. Isso lhe confere um espírito de amizade. Então há menos necessidade de esconder as coisas e, consequentemente, sentimentos de medo, dúvida e insegurança, se dispersam automaticamente.


Se o outro parece representar uma ameaça, creio que seja porque nós não o estamos olhando com esse sentimento de compaixão, bondade e amor. E isso é o que nos dá medo.
Imaginar que viver um grande amor será sempre um mar de rosas é inocência.
E imaginar que não viver amor nenhum vai nos salvar de algo também é inocência.
E é por tudo isso que a letra da música do Peter Gabriel, Book of Love, fecha esse raciocínio com chave de ouro:

O livro do amor é longo e chato
Ninguém consegue levantar o maldito
É cheio de gráficos e fatos e figuras
E instruções de dança
Mas eu
Eu amo quando você o lê para mim...

E aí? Vamos nos propor a dançar?

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

SEDNA, a mulher do pássaro

Sedna, filha de um grande caçador, era uma jovem formosa e já em idade de casar. Diversos moços de sua aldeia já se haviam apresentado como pretendentes, mas ela recusara todos. O pai manifestava preocupação, pois estava ficando idoso e não poderia manter Sedna indefinidamente.

Um dia apareceu na aldeia um visitante bem apessoado, de aparência sedutora e vestido com belas peles. Prometeu a Sedna que, se ela o aceitasse em casamento, teria sempre uma tenda limpa e confortável, peles macias para dormir e a melhor carne que o Ártico pudesse dar. Disse ainda que garantiria o sustento de seu pai. Encantada, Sedna aceitou a proposta e foi levada por seu novo marido para uma ilha distante. Lá, descobriu a dura verdade: o homem que parecia tão bonito e simpático despiu-se das peles e mostrou ser um fulmar (ave de rapina do Ártico) disfarçado. O marido-pássaro era cruel e de péssimo caráter, mantendo Sedna praticamente prisioneira. Dava-lhe para comer apenas restos de peixe cru e, como casa, uma tenda terrivelmente suja e cheia de furos por onde entrava o vento gelado. Sedna chorava todos os dias, e o vento levava seus lamentos para muito longe.

Um dia, ao ouvir os gemidos de Sedna que chegavam com a ventania, seu pai, resolveu visitá-la. Ele desconfiou que algo não andava bem e então, saiu com seu caiaque, em busca da filha. Chegando lá, encontrou-a infeliz e maltratada. Como o marido-pássaro estava longe, o pai aproveitou para fugir com Sedna, rumando rapidamente para a aldeia nativa. Durante a longa viagem, pai e filha ouviram gritos e ruflar de asas. Era o marido-pássaro que, tendo descoberto a fuga, vinha furioso, seguido por outras aves de rapina, para buscar a esposa de volta. O marido-pássaro atacou o caiaque com violência e, tocando o mar com a ponta da asa, ordenou que ondas gigantescas se levantassem, tal como nas piores tempestades.

Em pânico, o pai de Sedna percebeu que a única forma de salvar a pele seria livrando-se da filha. Então, para surpresa de Sedna, o velho caçador empurrou-a no mar, para que o marido a pegasse. Mas Sedna não tinha nenhuma intenção de morrer, nem de voltar para o terrível marido: com toda a força, agarrou-se com as mãos à lateral do caiaque, num esforço para voltar a bordo... O pai, cada vez mais desesperado, sacou seu facão de caça e começou a cortar os dedos de Sedna, a fim de obrigá-la a soltar o barco.

Os dedos decepados da jovem foram caindo ao mar, um a um, e transformando-se nas espécies que até hoje habitam as águas do Ártico.

Sedna, lentamente, afundou nas águas, mas não morreu. Desde então, vive nos abismos do oceano profundo, onde se transformou na Deusa dos Mares.

Por Suely Laitano Nassif

sábado, 7 de agosto de 2010

Eu te amo não diz tudo...

"O cara diz que te AMA... então tá!
Ele te AMA. Assunto encerrado.
Você sabe que é amado porque lhe disseram isso, as três palavrinhas mágicas.

Mas saber-se amado é uma coisa,
Sentir-se amado é outra, uma diferença de quilômetros.


A demonstração de amor requer mais do que beijos, sexo e palavras.
Sentir-se amado é sentir que a pessoa tem interesse real na sua vida,
Que zela pela sua felicidade,
Que se preocupa quando as coisas não estão dando certo,
Que se coloca a postos para ouvir suas dúvidas
E que dá uma sacudida em você quando for preciso.

Ser amado é ver que ele(a) lembra de coisas
Que você contou dois anos atrás,
E vê-lo(a) tentar reconciliar você com seu pai,
É ver como ele(a) FICA triste quando você está triste,
E como sorri com delicadeza quando diz que você está fazendo uma tempestade em copo d'água.
Sentem-se amados aqueles que perdoam um ao outro e que não transformam a mágoa em munição na hora DA discussão.

Sente-se amado aquele que se sente aceito, que se sente inteiro.
Sente-se amado aquele que tem sua solidão respeitada,
Aquele que sabe que tudo pode ser dito e compreendido.

Sente-se amado quem se sente seguro para ser exatamente como é.
Sem inventar um personagem para a relação,
Pois personagem nenhum se sustenta muito tempo.

Sente-se amado quem não ofega, mas suspira;
Quem não levanta a voz, mas fala;
Quem não concorda, mas escuta.
Agora, sente-se e escute: Eu te amo não diz tudo!"


Arnaldo Jabor

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Up - Livro do Amor

Título: Up - Altas Aventuras
Lançamento: 2009 (EUA)
Direção: Pete Docter
Sinopse: Carl Fredricksen (Edward Asner) é um vendedor de balões que, aos 78 anos, está prestes a perder a casa em que sempre viveu com sua esposa, a falecida Ellie. O terreno onde a casa fica localizada interessa a um empresário, que deseja construir no local um edifício. Após um incidente em que acerta um homem com sua bengala, Carl é considerado uma ameaça pública e forçado a ser internado em um asilo. Para evitar que isto aconteça, ele enche milhares de balões em sua casa, fazendo com que ela levante vôo. O objetivo de Carl é viajar para uma floresta na América do Sul, um local onde ele e Ellie sempre desejaram morar. Só que, após o início da aventura, ele descobre que seu pior pesadelo embarcou junto: Russell (Jordan Nagai), um menino de 8 anos.

Trecho do Filme: Up - Married Life - Carl & Ellie
Música: Book of Love
Cantor: Peter Gabriel

domingo, 1 de agosto de 2010

Comentando... 3ª Parte

Esta semana estivemos às voltas com três posts:

- Tentação, de Clarice Lispector;
- Amor casual, um conto de minha autoria;
- Sedna, a mulher que se apaixonou por um cachorro, uma lenda esquimó.

E aí me aparece Sedna, a linda mulher que viveu isso. Uma mulher livre a ponto de decidir a quem amar respeitando apenas sua própria vontade. Apaixona-se e se casa com um cachorro.
Creio que, aqui, cachorro no seu melhor sentido, aquele que oferece um amor puro e incondicional. Fiel. Companheiro.

Sedna respondeu aos apelos da própria alma, rejeitou os homens, e se casou com um cão. E quero ver alguém me dizer que ela não tinha direito de fazer isso...
O amor era dela, o sentimento era dela, a vida era dela... que coooisa!!!!!
Mas... os homens de seu povoado não pensaram assim. Numa TOTAL falta de respeito à natureza, acharam que Sedna não tinha direito de lhes rejeitar por um cão. E cometeram todo tipo de crueldade contra essa mulher.
Alguém conhece alguma história assim? Isso não é lenda. Hoje, terceiro milênio, 2010, PROLIFERAM histórias assim...

Infelizmente, muita gente ainda crê que pode mandar nos sentimentos alheios. Que pode EXIGIR amor. Que pode comprá-lo, mesmo que o outro não queira vender!!! Que pode castigar quem se negar a “fornecer”...
Nooossa... como fico triste quando penso nisso...
Sedna foi vítima das mais brutais violências, e, ainda assim, tudo o que fizeram contra ela, ela transformou em amor. Seus dedos se transformaram em alimento, que garantiria a sobrevivência daqueles mesmos que o cortaram.
E, embora ela tivesse poder para castigar a todos pelo constante desrespeito à natureza, um simples gesto de carinho, de um homem que resolveu desembaraçar seus cabelos emaranhados e enlameados, a faz sentir-se agradecida e desistir de sua vingança...

Quanta similaridade com o que vejo todos os dias por aí!
Como são as mulheres? Sofrem barbaridades, e um mínimo sinal de carinho, às vezes forjado, as faz esquecer de tudo e perdoar. Para, em seguida, sofrer novamente.
A lenda de Sedna é linda. Sedna é divina. Mulher é isso mesmo: amor.

Mas, quero estragar um pouco o clima, e perguntar: até que ponto devemos perdoar tudo? Até que ponto é saudável sermos tão amorosas e crédulas e nos deixarmos envolver por pequenos gestos de carinho, esquecendo de grandes gestos de desrespeito?
O quanto é saudável, até mesmo para os homens, esse perdão fácil, que os desobriga de crescer?