quarta-feira, 30 de junho de 2010

Comentário sobre o Livro: "Mulheres que Correm com os Lobos"

As mulheres livres e libertadoras correm com os lobos.
Galgam o mundo montadas nas suas ilhargas esguias e frementes, febris e lustrosas sob os seus dedos, que ficam a cheirar a rosmaninho e a cedro. Refrescam-se nas suas sombras, aninham-se nas suas grutas e vivem nos negrumes matizados de luz das florestas espessas: respirando as folhas raiadas, bebendo o orvalho cintilante, devorando os frutos proibidos, quando descobrem a árvore do conhecimento.

Recusam o carcereiro da casa. E mantêm acesa a chama da imagem feminina das lendas, dos contos de fadas, dos mitos ancestrais: a deusa, a vestal, a amazona, «aquela dos bosques», a loba. Seres mitológicos, provavelmente irrecuperáveis e inatingíveis. É de tudo isto que nos fala o excelente trabalho da psicanalista americana Clarissa Pinkola Estés, Mulheres que correm com os lobos; por entre mitos milenários e histórias do arquétipo da mulher selvagem, uma espécie em vias de extinção nos nossos dias. Um livro feminista empolgante, galvanizante, que fala de mulheres jubilosas, desvenda sinais, segue pistas, descobre passos encobertos, tapados pela poeira do tempo. Interpreta narrativas antigas, fábulas e legendas fantásticas.

Interpretações essas através das quais a autora identifica o arquétipo da mulher selvagem já referido atrás, como sendo a essência da alma feminina, propondo em seguida o assumir desse longínquo passado que agora nos escapa, caso desejemos vir a atingir uma real e autêntica plenitude: «Quando as mulheres reafirmam o seu relacionamento com a natureza selvagem, recebem o dom de dispor de uma observadora interna permanente, uma sábia, uma visionária, uma oráculo, uma inspiradora, uma intuitiva, uma criadora, uma inventora e uma ouvinte que guia.». Seres intuitivos, sensíveis e orgulhosos, dotados de uma percepção aguçada, de uma «determinação feroz e de uma extrema coragem», que segundo Clarissa Estés têm bastante em comum com os lobos. E tal como estes, ao longo dos séculos foram perseguidas, cercadas, acossadas e inúmeras vezes mortas. Deixando claro o modo ostensivo como a psicologia tradicional se mantém lacónica ou mesmo omissa, no que diz respeito a questões importantes para as mulheres, tais como: «o aspecto arquetípico, o intuitivo, o sexual, a sabedoria da mulher, seu fogo criador».

Mas, Mulheres que correm com os lobos é sobretudo um inteligente e corajoso ensaio, completamente diverso do que é habitual publicar-se entre nós. Um texto desafiador, que parte de uma corrente actual do feminismo, que recorre aos saberes colaterais para seguir as pistas e entender os sinais que nos levam até ao passado distante das mulheres, a fim de melhor se entender a causa da feroz e deliberada destruição, que a partir de certa altura passou a marcar todo o seu percurso, até chegar à sua anulada existência actual.

Neste livro, há a recuperação de uma sexualidade sagrada, ensinam-se rituais de iniciação e fertilidade, refazendo a abordagem das deusas das culturas matriarcais. Dando-nos a ver o ser que continua a habitar, apesar de tudo, no subterrâneo selvagem da rebelde e esquiva natureza feminina.

Maria Teresa Horta, sobre o livro: Mulheres que correm com os lobos, de Clarissa Pinkola Estés
Publicado no Blog Comentada em 15/ago/2009

sábado, 26 de junho de 2010

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Nosso Convite

Chega mais...

Você já se sentou perto do calor de uma lareira, tomando um bom vinho, ou um chá quentinho, sob um cobertor macio, pra trocar idéias com alguém em quem você confia muito? Se abrir, desabafar, filosofar, pensar na vida... chegar à conclusões, tomar decisões... lavar a alma, enfim... Se já fez isso alguma vez, sabe o que é! Se não fez, precisa saber...

Na Lareira é um espaço intimista que se propõe a acolher conversas femininas. Nosso desejo é o de que nenhuma mulher precise se sentir solitária por não ter com quem trocar idéias a respeito das questões da alma. Que quem chegue aqui, chegue pra se abrir e, quando sair, saia melhor do que chegou. Que aqui role um papo adulto, sincero, honesto, sem vaidades ou pudores, que nos faça crescer.

Venha sem sapatos, sem maquiagem, sem máscaras e vá se desnudando, despudoradamente ou aos pouquinhos, no seu próprio ritmo. Mostre quem é, ou use e abuse do seu direito de ser anônima e usar um pseudônimo. Se solte. Relaxe. Fale sobre coisas que você nunca teve coragem de falar, ou nunca teve com quem falar...

E constate que somos, todas, incrivelmente iguais em nossa essência... o que vai te fazer perceber que você nunca está sozinha. Aqui, você é aceita.
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Mesmo que já tenhamos feito com nossas próprias palavras esse convite pra que você participe e se deixe envolver pelos papos que vão acontecer por aqui, Clarissa, a inspiradora desse trabalho, tem um jeitinho todo próprio pra te cativar. Por isso, consideramos que vale a pena você aceitar não só o nosso convite, mas também o dela... ;)

"Ah minha Criatura admirável...
Seja bem-vinda...
Entre, entre...
Estou esperando por você... é, por você e pelo seu espírito! Fico feliz por você ter conseguido encontrar o caminho...
... Venha, sente-se comigo um pouco. Pronto, vamos fazer uma pausa, deixando de lado todos os nossos "inúmeros afazeres". Haverá tempo suficiente para todos eles mais tarde. Em um dia distante, quando chegarmos às portas do paraíso, posso lhe garantir que ninguém vai nos perguntar se limpamos bem as rachaduras na calçada. O que é mais provável é que no portal do paraíso queiram saber com que intensidade escolhemos viver; não por quantas "ninharias de grande importância" nos deixamos dominar.
Por isso vamos, por enquanto, permitir apenas que o pensamento tranquilo nos abençoe por um tempo antes que voltemos a falar sobre o velho realejo do mundo... Venha, experimente essa poltrona. Acho que é perfeita para o seu corpo querido. Pronto. Agora, respire bem fundo... deixe os ombros caírem até o ponto que lhes seja natural. Não é bom poder respirar esse ar puro? Respire fundo mais uma vez. Vamos... Eu espero... Viu? Está mais calma, mais presente agora.
Preparei a lareira perfeita para nós. O fogo vai durar a noite inteira — suficiente para todas as nossas "histórias dentro de histórias". Um momentinho só, enquanto termino de lavar a mesa com menta fresca. Pronto, vamos usar a louça bonita. Vamos beber o que estávamos reservando para "uma ocasião especial". Sem dúvida, "uma ocasião especial" é qualquer ocasião à qual a alma esteja presente. Você já percebeu? "Reservar" para outra hora é o jeito que o ego tem de dizer, rabugento, que não acredita que a alma mereça prazer no dia-a-dia. Mas ela merece, de verdade. A alma sem dúvida merece.
Por isso vamos nos sentar um pouco, comadre, só nós duas... e o espírito que se forma sempre que duas almas ou mais se reúnem com apreço mútuo, sempre que duas mulheres ou mais falam de “assuntos que importam de verdade".
Aqui, neste refúgio afastado, permite-se... e espera-se que a alma diga o que pensa. Aqui sua alma estará em boa companhia. Posso garantir-lhe que, ao contrário de muitas no mundo lá fora, aqui sua alma está em segurança. Fique tranquila, comadre, sua alma está a salvo." (trecho de A Ciranda das Mulheres Sábias).

sábado, 19 de junho de 2010

Nossa Parceria em 2010

Comentários de Mulher: Na Lareira é resultado de uma parceria entre Ana Lucia Sorrentino, autora do blog Reencontrando sua Alma, e Suely Laitano Nassif, autora dos blogs As Histórias de Mariana e Comentada: clínica e ciência. Trata-se do desdobramento de suas experiências anteriores trabalhando com mulheres, tendo como referência o livro Mulheres que Correm com os Lobos, de Clarissa Pinkola Estés.